quarta-feira, 29 de junho de 2011

Talvez um céu estrelado

    O que falar, depois desses dias? Da solidão, dos dias frios, mesmo acompanhado. De ver você passar por mim e não ser mais quem você enxergaria. De por onde estive sem que ninguém soubesse, por onde eu estou me perdendo, dessa vez.
    Eu parti em um taxi, e não era tão tarde. Estive com um dos meus. Era antigo, era gracioso porém eu já não era um dos dele. Ele se tornou quebravel, igual aos outros objetos que já narrei.
    Será, Senhor, que algum deles ocupará o espaço ou terei que viver com esse vazio no peito? Ou será que eu me fechei para que ninguém mexa nessa brecha que ficou aberta? Os amigos ainda me restam, para não pensar mais naqueles que só tentam me afundar, e eles se tornam minha força, mesmo quando sei que eles podem se desmoronar.
    E aqueles com quem estou quando ninguém sabe se tornam de certa formas peças, objetos que fazem sentido quando estão arrumados no lugar certo. Eu olho o céu estrelado desse que já não é mais o que poderia ser, em seu quarto escuro, e ele permanece a brilhar. As estrelas falsas brilham como verdadeiras e se tornam ainda mais especiais que as originais naquele momento.
    Eu me pergunto se agora eu sou uma forma artificial de "pessoa", se eu ainda sinto as mesmas emoções de alguns anos atrás. Se estou perdendo as lembranças de como é sentir vivo por estar amando ou se sentindo amado. Eu posso fazer meus planos para fazer que gostem de mim, mesmo por uma noite, mas nada vai além disso. Nada. Tudo congelando entre mim e qualquer brasa em meu peito.
    Mas algo muda, as vezes, como tudo na minha vida que muda quando parece que estou seguindo uma reta   "normal" de regras, uma curva vem e eu sinto mudar de rumo, voluntariamente. Eu caminho com ele pela rua vazia, entrando em casas que não possuem nome, ruas que fazem círculos e falsas sensações de afeto pela noite. E quando ele diz que "não queria outra pessoa naquele momento", movido por também uma "involuntariedade" do momento, eu pareço vivo. Mas nada além do fato de estar em certo espaço, mas ainda longe. E ele não é ninguém, mas a força das palavras ainda existe para mim.
   Pelo menos a força das palavras.
   Será que você vai lembrar amanhã que disse para mim ou vou ter que guardar isso só na minha cabeça?

sábado, 18 de junho de 2011

Madrugada de sábado que acabou cedo

  Cheiro de Malbeq, eu caminhando pelas ruas a meia noite. Ando por ruas cheias, ando por ruas vazias.
  Hoje era apenas um dia para cozinhar com os amigos, sair pra beber uma cerveja.
  Caminho torto, banho demorado. Tentando tirar um perfume horrivel de mim.
  E que fique claro que daqui em diante as coisas começam a se estranhar.
  6 da noite.
  Eu e um bom amigo andando juntos, destino: casa de TD. Aqui, usarei esse nome.
  E lá fomos: som alto, cerveja de graça, o quarto entregue e bagunçado. Nós trés ouvindo musica e as vezes eu com tédio, as vezes eu dançando com picos de alegria.
  No meio da bebedeira, sinto ele esquentando: Está bebado o suficiente pra tentar algo comigo sem medir as consequencias. Grosseiro, pegando achando que está sendo incrivelmente "foda para mim". Não está.
  Desvio seus beijos com assunto qualquer, canto, olho pros lados. Nada adianta, ele está forte. Acabamos na cama dele, virando e virando, nada com nada em si. Apenas dois corpos nus, em beijos rídiculamente assustadores e um pouco de força bruta de um bebado que não sabe o que faz com o outro.
   Me levanto, vou até o banheiro de cueca. Meu outro amigo está lá e se surpreende com a cena. Ele vai embora, e eu digo: "me leve, não quero ficar aqui com esse cara." Esse cara. Quem é esse cara?
    Já fiquei com ele, já estive colado outras vezes com ele nu em meu corpo. Todas as vezes foi o zero a zero: ele é muito fraco. Inexperiente, ele revelou: era o primeiro cara dele. Ele tinha ficado com outros, mas era o primeiro a cruzar as medidas do ficar e do estar dentro.
    Permaneci depois sem ficar com ele. Na verdade, até agora, sempre fiquei com ele depois que ele me tava algo em retribuição. E quando eu o vi pela primeira vez, olhei para aquela jaqueta de couro e falei: Que jaqueta. Agora eu a "tenho". A jaqueta. E agora não sei mais pelo que estar com ele.
   Mas ali estava, bebado de graça na casa dele. Mas de fato, não queria dar para ele. Estava com medo do jeito insistente que ele me tratava, então o empurrei forte e o fiz deitar, subi nele e falei: Ouça aqui, eu não vou dar para você.
   Ele fez um "tanto faz", e quando percebi estava eu fodendo ele, o que foi absurdamente estranho. Sinto pena do coitado que se apaixonar por mim e não ter nada para dar em troca. Seu coração não vale muito, sua beleza é pouca, mas enquanto tiver algum dinheiro para gastar comigo, o preço será justo.
  Ele mordia enquanto chupava, e eu o puxava e batia, ele pedia para enfim o penetrar, não aquentava e tirava. Ficamos assim por horas, ele cedeu e ainda engoliu.
  Garotos virgens continuam se atraindo por mim.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

      Explicar pra mim mesmo: Estou bem, estou bem.
      Olhos que voltam a te encarar, sensação total de vazio. Eu não quero ser como os outros, mas eu não quero ser igual também. Eu sou alguém agora, que está com vários, não está com ninguém, quem eu sou afinal?
     Eu sei que não sou alguém que não tentou. E levei os tapas mais estranhos e mais variados na cara, eu senti o gosto do chão. Um deles está sendo enganado de novo e de novo por alguém que nunca será eu. Outro simplesmente sabe o que sinto e não está comigo. Eu não amo os dois, eu quero amar um deles.
     O gosto amargo de quem tenta beber e esquecer, e viver. Solidão, é você de novo? De novo e de novo, tentando tapar buracos, tentando parar de pensar. Eu gosto de você, eu te odeio. Qual é meu desejo afinal, e qual é o preço que tenho que pagar pra ele se realizar? Hoje é eu em um plano a, amanhã eu em um plano b, até quando eu terei que ser algo que não sou. Eu queria ser como meus amigos, cultivar sentimentos entre a maldade e indiferença, mas me sinto como um total emotivo, quente e humano.
    Tenho que decidir o que eu quero, tenho que decidir o que não quero.

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