quinta-feira, 10 de março de 2011

Cain

    Cain, irmão de Abel, era a ovelha negra da família. 
    Então, possuído por inveja do irmão, o matou. 
    Disse Deus: "Estás expulso do paraíso. Cain. Porém, quem tentares contra você será 7 vezes punido."
    E assim partiu Cain, o primeiro assassino da história.

Mente Vázia
Um corpo ao calor de 35º graus.
Um ônibus que não leva a lugar nenhum.
      Onibus parado, em um lugar que eu já fui antes. Olho adiante e vejo apenas rostos, vozes, mas não vejo nada além. Estou ali apenas por uma razão: Sexo. A adrenalina do desconhecido, os corpos em puro suor. 
      E assim espero, compro uma água. O garoto me olha, olha duas vezes, olha trés. Faz sinal com a mão. 
      Me aproximo, olhar para ele era como ver uma ovelha. Só carne. Carne, nervos. 
      "Olá Cain" Ele diz, com um sorriso. 
      O sol contra nossos rostos, andamos. Ruas estreitas, poeira batida nos parelepípedos formando o asfalto. Estava foda da minha área de conforto, e mesmo assim, entregue. Eu também sabia que naquele momento eu era também somente carne. Sem alma, mas não uma carne fria. Carne crua, quente, em vermelho sangue.
      Ele parecia ser legal. Em outra época, talvez, em outro destino. Mas não estava ali para ter impressões de personalidade, poderia ser ele ou qualquer um, talvez melhor, talvez pior. Estava ali para sentir de novo, mesmo que por segundos, o estalar da minha alma com qualquer semelhança que ainda me torna-se humano. 
     Chegamos, casa simples, grade enferrujada, uma sala que só possuia uma televisão, um computador velho, gnomos e lapis de cor pela mesa. Era bonito a forma que a sala simples era iluminada pelo teto sem forro, da mesma forma que tudo ali parecia estar um tanto em outro lugar.
     "Não parece mais Aracaju" comentei. Recordei um pouco da vida com meus avós, uma forma tranquila e sem nenhuma ambição. Os sonhos de amores futuros, empregos, de fama e diversão. 
      Seu quarto. Era nos fundos da casa, no segundo andar de uma escada torta e mal construida. Embaixo, um buteco, ou uma venda como é mais comum nesses bairros, a porta se abriu, um cheiro de alcool fuminante e familiar no lugar. Algumas várias garrafas vazias, o sol entrava por apenas uma janela de madeira fragil, colchões finos no chão. Realidade dura. 
       Conversamos, sobre a vida dele, sobre tudo, sobre nada. Não absorvia nada, atmosfera quente, quarto agora fechado. Senti sua boca passar em meus dedos, subindo pelo meu pesgoço. Estalos, coração abafando, o corpo dele foi se presionando ao meu, o volume entre suas pernas subindo, vagarosamente. Ficamos nús, sua boca quente, latejava em mim, seus braços comduziam o resto do meu corpo suavemente, eu sentia suas dobras fisicas, mas ao mesmo tempo era algo para mim. Era um momento que eu dei para mim mesmo.
     Eu o apertava forte contra meu corpo, enquanto ele gemia: "Continue Cain, continue". Suas pernas apoiadas em meus ombros, seu rosto desenhava emoções entre dor, prazer e vício. Ele não durou muito. 4 minutos de sexo e já estava gozando.
     Eu permanecia, ele não aquentava mais. Me forçei a gozar rapido também, como se abrisse as asas a muito tempo dobradas. As janelas se abriram, ele saiu do quarto. O sol me tocava, leve, ao meu corpo nu. 
      Ele voltou, insistiu para que ficasse. Mas eu já estava liberto. Não era emoção, não era carência mais. 
      Fui indo para porta, enquanto ele falava: "Cain, lindo como o anjo."
      Ele nunca vai saber meu nome verdadeiro.

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